"Aquele garoto despertou algo em mim que ninguém nunca tinha despertado antes. Não é amor, não é paixão. Ele me fez querer ter sede dele, todos os dias. Sede de conhecimento. Desvendar seus mistérios, conhecê-lo."
Tem dias que penso no mesmo rosto sem nem ao menos saber seu nome, o apelidei de Who, apelido óbvio né? Mas fazer o quê, não é sempre que minha criatividade dá as caras. Eu imagino toda a sua história, seu passado e seu futuro, sem um minimo vestígio de certeza. Não, não é amor platônico, amor a primeira vista, paixão, não é nada disso, meche com o coração, mas desperta um outro lado, o instinto de curiosidade.
Suas feições me traziam à tona memórias de conhecidos, sinceramente, seus traços e modos me lembraram um grande amigo que infelizmente não está mais aqui comigo, seu sorriso meio torto e tímido, as rugas que se formavam em sua testa quando franzia as sobrancelhas, como se estivesse perguntando a si mesmo "O que estou fazendo aqui?", como se sentisse perdido. Tão belo, tipico modelo de fotos solitárias e expressivas do tumblr,o tipo de cara que sempre me chama a atenção, mas tinha algo a mais representado ali, algo novo.
A primeira vez que o vi não prestei atenção, tudo bem, tinha um cara bonito sentado ao meu lado em um ônibus cheio de pessoas estranhas, mas sinceramente eu estava atrasada e a única coisa que conseguia pensar era nos boletos prestes a vencer com que me depararia ao chegar no trabalho.
Mas os dias foram passando, e era só entrar naquele maldito ônibus, sempre no mesmo horário, e lá estava ele.
Nossos olhos se cruzaram algumas vezes, mas eu logo tratava de desviar o olhar. O que eu estava pensando? Novas amizades não surgem as sete e meia da manhã em um ônibus lotado, ou surgem?
Vou ser sincera aqui com vocês (repararam que este devaneio está mais pra diário/desabafo do que os conhecidos textos estilo tumblr né? Me desculpem por isso, mas preciso ser sincera comigo mesma, com meu blog e com quem acompanha ele.) Bom, voltando ao assunto, sem procrastinações ou pensamentos randômicos, o Who não só se parece com meu melhor amigo (que dane-se se não está mais aqui, será pra sempre o melhor.) como me trás a tona lembranças e momentos, e até, pasmem: sonhos e pesadelos aonde ambos se misturam, e os dois viram um só, o confidente morto, o desconhecido vivo, ali do meu lado, todos os dias (ou pelo menos de segunda a sexta-feira.) Na moral, assim, na real mesmo, eu não queria sentir nada disso, pensar nada disso, sonhar com nada disso e muito menos comparar ninguém. Mas além de não mandar no meu próprio coração, olhem só, também não controlo meus pensamentos.
Mas o ápice da minha loucura mental e emocional foi o dia em que me atrasei e perdi o ônibus, tem humilhação maior que sair correndo atrás de um ônibus e ele não parar para você? Mas a loucura mesmo foi perceber o aperto no peito, danem-se as horas, dane-se o atraso e o desconto salarial, como começar meu dia sem ver ele? Mas pensando bem, é até melhor, ver ele e lembrar de outro, de memórias que preciso me libertar não é assim tão legal. Trinta sagrados minutos depois, outro ônibus chega, esse ao contrário do habitual, vazio. Pelo menos poderia ouvir minhas músicas de modo confortável. Mas adivinhem quem perdeu o primeiro ônibus também? Ganha uma bala quem pensou no Who (brincadeirinha, só pra descontrair.)
Ele me olhou, franziu as sobrancelhas, eu o olhei e passei reto ao desviar o olhar, mas foi só pra não dar na cara mesmo, quem nunca sentou atrás para observar discretamente quem estava na frente?
E eu não sei aonde esse texto vai parar, aonde é o fim dessa história. Assim como não sei que horas são, o que vou vestir amanhã e aonde está meu óculos. E antes que me perguntem, sim eu estou perdida. Minha vida tá uma bagunça, mas o que arrumar primeiro, a cama, o quarto, a mente ou o coração? Bom, acho que por hoje vou só terminar com a bagunça desse projeto de texto mesmo.. Que tal a trilha sonora de todas as manhãs em um ônibus lotado?
"Eu queria tanto que você não fugisse de mim, mas se fosse eu, eu fugia."