Título original: All The Bright Places
Título nacional: Por lugares incríveis
Autora: Jennifer Niven
Editora: Seguinte
Número de páginas: 335
Sinopse: Violet Markey tinha uma vida perfeita, mas todos os seus planos deixam de fazer sentido quando ela e a irmã sofrem um acidente de carro e apenas Violet sobrevive. Sentindo-se culpada pelo que aconteceu, a garota se afasta de todos e tenta descobrir como seguir em frente. Theodore Finch é o esquisito da escola, perseguido pelos valentões e obrigado a lidar com longos períodos de depressão, o pai violento e a apatia do resto da família. Enquanto Violet conta os dias para o fim das aulas, quando poderá ir embora da cidadezinha onde mora, Finch pesquisa diferentes métodos de suicídio e imagina se conseguiria levar algum deles adiante. Em uma dessas tentativas, ele vai parar no alto da torre da escola e, para sua surpresa, encontra Violet, também prestes a pular. Um ajuda o outro a sair dali, e essa dupla improvável se une para fazer um trabalho de geografia: visitar os lugares incríveis do estado onde moram. Nessas andanças, Finch encontra em Violet alguém com quem finalmente pode ser ele mesmo, e a garota para de contar os dias e passa a vivê-los.
Minha opinião: Apesar dessa capa linda que demonstra certa leveza e trás uma paz, o livro não é nada jovial. Niven escreve sobre bullyng, negligência familiar, transtornos mentais, suicídio e muito mais. É uma leitura profunda e densa. Por lugares incríveis possuí uma narração um tanto quanto melancólica, em primeira pessoa, os capítulos se alternam entre a narrativa de Violet e a narrativa de Finch. Mas preciso confessar que por alguns momentos eu só queria pular as páginas de Violet e ir direto ao Finch.
Mas não entendam errado. Violet tem uma linda e triste história de vida e é uma personagem interessante, mas não é tão diferente das outras protagonistas de livros com a mesma temática.
Finch por outro lado é único, entre todos os livros que li, nunca senti antes o que senti por esse personagem, meu desejo durante a leitura era entrar pelas páginas do livro e segurar sua mão e dizer que tudo iria ficar bem. Finch sofre bullyng na escola, é conhecido por ser bad boy, mas quando o conhecemos de verdade, vemos que ele somente não é compreendido. Ele estuda muito sobre suicídio, formas, motivos, intensidade da dor e todos os dias se pergunta se aquele dia é um bom dia para morrer. Mas não se deixe enganar, ele é um personagem carismático, espontâneo e tenta viver a vida intensamente. Aquela narração melancólica que falei logo no início, parte de Violet.
Finch possuí uma doença que não ficou clara no livro, em vários momentos Finch se refere a isso como apagão, como se ele dormisse por dias. E este é mais um motivo para o bullyng, Violet descreve que ele fica dias sem ir a escola e ninguém sabe os reais motivos. Muito do que Finch narra se encaixa em Transtorno de personalidade limítrofe, mas não sabemos se ele possuí crises de dissociação ou alguma doença do sono. Mas uma coisa que fica clara é que ele possuí total entendimento de seu caso porém não possuí alguém confiável para procurar ajuda. Esse é um dos pontos que mais que chocou no livro, a negligência da família de Finch quando está muito claro que o garoto precisa de algum tipo de ajuda.
Violet e Finch formam uma dupla e tanto. Ambos se preocupam muito com o outro, ambos estão a sua maneira tentando lidar com a depressão. E sem dúvida esse foi o casal que eu mais torci com todas as minhas forças para que terminassem juntos.
Assim como os protagonistas, o final é surpreendente. Sabe aqueles livros que você termina com uma lágrima escorrendo? Pois bem, não foi esse o caso. Eu terminei o livro em meio a lágrimas que me consumiam, chorei soluçando até pegar no sono e acordei no dia seguinte com a sensação que faltava um pedaço meu ali comigo. É o tipo de leitura que você tem vontade de nunca ter lido só para sentir a mesma emoção novamente. O que jamais irá acontecer, jamais irei ler Por lugares incríveis como se fosse a primeira vez novamente pois agora Violet e Finch estão guardadinhos no meu coração, e sei que pensarei muito neles ainda, tanto que li essa história já tem alguns meses mas ainda me recordo de todos os detalhes sem muito esforço.
Meus quotes preferidos:
"O que percebo agora é que o que importa não é o que a gente leva, mas o que a gente deixa para trás."
"Você foi, sob todos os aspectos, tudo o que alguém poderia ser. [...] Se existisse alguém capaz de me salvar, seria você."
"Conheço a vida bem o suficiente para saber que não podemos acreditar que as coisas vão ser sempre iguais, não importa o quanto a gente queira. Não podemos impedir que as pessoas morram. Não podemos impedi-las de ir embora. Não podemos impedir nos mesmos de ir embora."
"O que eu sei sobre transtorno bipolar é que é um rótulo. Um rótulo para pessoas loucas. Sei disso porque fiz um semestre de psicologia e vi filmes e convivi com meu pai durante quase dezoito anos, embora ninguém jamais o rotulasse, porque senão ele mataria a pessoa. Rótulos como “bipolar” significam: É por isso que você é assim. Esse é você. Reduzem as pessoas a doenças."
"Quero me afastar de todos os rótulos. “Tenho TOC”, “Tenho depressão”, “Eu me corto”, eles dizem, como se essas coisas os definissem. Tem um coitado que tem déficit de atenção, é obsessivo-compulsivo, tem transtorno de personalidade limítrofe, é bipolar e, ainda por cima, tem um tipo de transtorno de ansiedade. Eu nem sei o que é transtorno de personalidade limítrofe. Sou o único que é só Theodore Finch."
"Aprendi que existem coisas boas no mundo se você procurar por elas. Aprendi que nem todo mundo é uma decepção, incluindo eu mesmo."
"Uma corrente de pensamentos passa pela minha cabeça como uma canção grudenta, de novo e de novo sempre na mesma ordem: Sou defeituoso. Sou uma fraude. Sou impossível de amar."
"Chorei um pouco, mas na maior parte do tempo estou vazia, como se o que me fizesse sentir e sofrer e rir e amar tivesse sido removido cirurgicamente, me deixando oca como uma concha."
Estrelas para essa leitura: